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       O CAIPIRA

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Pendurei o meu arreio, porque o expresso boiadeiro conduz a minha boiada !!!  Com a alma em pedaços, troquei também meu laço por um cabo de enxadas !!!

Coitado do meu cavalo, que ensinei puxar arado para trabalhar na roça, vi seu galope marchador, num passo lento de dor, puxando uma carroça !!!

Com minha fibra de homem, pra não morrer de fome e não procurar asilo, pra tratar das crianças, vem de lá da tal Bragança meu cavalo, meu amigo !!!

Mas o progresso enganador, troquei logo o meu trator, implemento e colhedeira, chorei de novo na estrada, pois não valia mais nada, a minha traia roceira !!!

Pus a família no trem, e no vagão do Zé ninguém é que eu pude me migrar, nem meu cachorro canteiro, meu fiel companheiro e não pude carregar !!!

Correndo já pondo a língua, caiu morrendo a míngua, tentando alcançar a gente !!! Até hoje vejo em sonho, aquele olhar tristonho debruçado no dormente !!!

Fui servente de pedreiro, metalúrgico e lixeiro e até na selva de pedra eu fui !!! Tem rico até bondoso, mas tem malandro tinhoso, que não quer ver o pobre possuir !!!

Cansado de tanto açoite, estudei dias e noites pra ter um salário descente !!! Mas veio o computador, e mandou o trabalhador ao buraco novamente !!!

Mais de um mil passará, mas dois mil não chegará, disse um mil de cordeiros !!! Quem causa tanto suplicio, vai chorar quando o feitiço virar contra o feiticeiro !!!

Vou vivendo no abandono, sem recurso e sem sono na terra dos fariseus !!!  Sou honesto, morro pobre e não desisto, porque acredito em cristo, e nas promessas de Deus !!!