Numa festa de rodeio
chamou a minha atenção
Um velho a beira da arena com um berrante na mão
Nos olhos uma mistura de tristeza e alegria
De longe eu observava, o Velho se emocionava vibrando com as montarias
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Pra puxar uma conversa dele eu me aproximei
O senhor gostou da festa? Foi o que eu perguntei
Tirando o chapéu da testa começou a me contar:
Já fui peão boiadeiro, fui o melhor berranteiro, venho aqui pra
recordar!
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Percebi que era um homem que viveu dias de glória
Eu ofereci carona e fui levá-lo embora
Numa estrada de terra que adentrava a escuridão
Se via uma luz fraquinha da sua simples casinha lá no meio do sertão
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O rangido da porteira marcou a nossa chegada
Dentro daquele ranchinho uma tralha amontoada
Que o amigo me mostrava com muito satisfação
Com o olhar diferente, ele lembrava contente sua vida de peão
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Já era de madrugada, noite enluarada e quente
Então fui me despedindo e dei a ele de presente
O meu chapéu de cowboy e ele ficou comovido
Do meio daquela tralha tirou o chapéu de palha para eu levar comigo
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Guardei com muito carinho pra mim é uma raridade
Depois de um ano viajando voltei àquela cidade
Uma semana de festa já estava pra terminar
Procurei o tempo inteiro, mais o Velho Boiadeiro não consegui
encontrar!
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Refiz o mesmo caminho no meio da escuridão
Quando cheguei no ranchinho me apertou o coração
E dessa vez a porteira chorou junto comigo
Pois ao lado da casinha uma cruz lá me dizia que o velho havia partido
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Quando eu entrei na casa fiquei mais emocionado
Eu vi ali na parede o chapéu que eu tinha lhe dado
E um lembrete de carvão pelo velho rabiscado
Presente de um grande amigo que esteve aqui comigo e a data do ano
passado
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